O Ultraman em Jejum: Como Alessandro Medeiros completou 515 km Sem Comer
515 quilómetros. Três dias. Natação, ciclismo e corrida. Zero carboidratos. Zero géis energéticos. Zero refeições.
Foi assim que o triatleta brasileiro Alessandro Medeiros cruzou a meta do Ultraman World Championship, abastecido apenas pela sua própria reserva de gordura.
A ciência por trás desta conquista
O que parece impossível é fruto de anos de preparação metabólica. Medeiros passou por um processo de cetoadaptação — treino alimentar e físico para que o corpo utilize a gordura como fonte predominante de energia.
Testes de composição corporal antes da prova indicaram que ele tinha cerca de 80.000 calorias armazenadas na forma de gordura, energia suficiente para três dias de esforço intenso, desde que o organismo saiba aceder a essa “bateria interna” de forma eficiente.
Durante a prova, medições preliminares apontaram para frequência cardíaca média em torno de 120–130 bpm, níveis estáveis de pressão arterial e ausência de aumento significativo em marcadores inflamatórios imediatos — algo incomum após tantas horas de esforço acumulado.
Enquanto atletas que dependem de carboidratos precisam repor açúcar de forma constante — e sofrem quando a logística falha —, a cetoadaptação permite acionar rapidamente o “gerador interno” de energia.
Preparação, dieta carnívora e estratégia nutricional
Nos três meses que antecederam o Ultraman, Medeiros manteve uma dieta carnívora — baseada quase exclusivamente em carne vermelha, com manteiga e ovos — e praticou jejum diário de 24 horas.
O objetivo: manter a glicose estável, otimizar a oxidação de gordura e reduzir ao mínimo a dependência de glicogénio.
Durante a prova, apenas água, sais minerais e eletrólitos entraram no corpo. Nada de comida.
O resultado foi surpreendente: energia estável, poucas dores musculares e boa disposição do início ao fim.
“No final de cada dia sentia-me muito bem, com boa respiração e boa disposição. Isso é incomum para uma prova destas.” — Alessandro Medeiros
Benefícios observados
A experiência indicou que competir em cetose profunda, apoiada por uma dieta carnívora, pode trazer vantagens:
Energia constante, sem picos nem quebras.
Frequência cardíaca baixa e estável em longas distâncias.
Menor inflamação e dores musculares reduzidas.
Clareza mental e boa disposição sob esforço extremo.
Mas nem tudo é universal
Apesar dos resultados impressionantes, a cetose profunda e a dieta carnívora não são soluções garantidas para todos.
Atingi-las requer semanas ou meses de adaptação e podem provocar sintomas transitórios como cansaço, irritabilidade ou défice de rendimento inicial.
Seguir uma dieta muito restrita em carboidratos a longo prazo também implica monitorização de vitaminas, minerais e função hormonal.
Há ainda diferenças individuais: algumas pessoas nunca alcançam uma cetose suficientemente profunda para sustentar esforços prolongados sem carboidratos, mesmo com treino e disciplina.
Objetivo científico
Além da performance, o projeto teve como meta recolher dados fisiológicos antes, durante e após a prova — incluindo frequência cardíaca, pressão arterial, variação da glicose e marcadores inflamatórios — criando um estudo de caso sobre o impacto da dieta carnívora e do jejum em desportos de endurance.
A análise completa será divulgada assim que a investigação estiver finalizada.
Um caminho de superação
O feito é ainda mais impressionante considerando que, meses antes, Medeiros esteve internado devido a trombose e tromboembolia pulmonar, complicações pós-cirúrgicas.
Durante a recuperação, adaptou treinos para minimizar riscos, mantendo o foco no objetivo.
Aviso importante
Este é um feito de atleta de elite, construído ao longo de anos e com supervisão médica e nutricional.
Não deve ser replicado sem preparação, acompanhamento e avaliações de saúde adequadas.
Para curiosos e entusiastas, uma forma segura de explorar o potencial do corpo é começar com corridas leves (2 a 5 km) em jejum.
Fontes
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