Salmão Selvagem vs. Salmão de Viveiro: Diferenças e Riscos
O salmão é muitas vezes promovido como um “superalimento”: rico em ómega-3, cheio de proteína e aliado da saúde cardiovascular. Mas há um detalhe que quase nunca aparece no rótulo: nem todo o salmão é igual. A diferença entre o salmão selvagem e o de aquacultura (criado em cativeiro) é tão grande que, na prática, estamos a falar de quase dois alimentos diferentes.
As diferenças nutricionais
A origem do salmão tem um impacto direto no seu perfil nutricional. O salmão selvagem alimenta-se de pequenos peixes e crustáceos no seu ambiente natural, o que lhe confere um perfil de gordura ideal, com uma proporção elevada de ómega-3 (EPA e DHA).
Já o salmão de aquacultura é alimentado com rações processadas, muitas vezes à base de óleos vegetais. Esta dieta menos natural fez com que a quantidade de ómega-3 na sua carne diminuísse ao longo dos anos. A percentagem de EPA e DHA na gordura total, por exemplo, caiu de 6–10% em 2006 para 3–4% em 2025. Apesar de ainda ser uma fonte de ómega-3 e de vitamina B12, o seu perfil já não é tão benéfico como o do seu equivalente selvagem.
Poluentes e outras preocupações
Uma das maiores preocupações do salmão de viveiro é a exposição a poluentes persistentes, como dioxinas e PCBs. Estas substâncias, que se acumulam no organismo ao longo do tempo, estão associadas a riscos para a saúde a longo prazo. No entanto, para a maioria das pessoas, um consumo ocasional ou moderado não representa um risco imediato. A questão é mais relevante para grávidas e crianças, para quem o risco de bioacumulação pode ser mais problemático.
Além disso, há um aspeto que pode surpreender: a carne do salmão de aquacultura é naturalmente branca. O tom rosa ou alaranjado que vemos no supermercado é resultado de corantes adicionados à ração, para que o peixe se pareça com o salmão selvagem. Embora aprovados para uso alimentar, este recurso levanta a questão da “naturalidade” do produto e da manipulação visual do alimento — um aspeto que nem sempre é transparente para o consumidor.
O impacto ambiental
A questão ambiental da aquacultura varia muito de acordo com a sua origem. Em países como a Noruega e o Canadá, muitos viveiros usam sistemas fechados com regulamentação rigorosa, o que resulta num impacto ambiental moderado. Por outro lado, regiões como a Escócia e o Chile usam frequentemente sistemas de rede aberta, o que pode causar maior poluição local e colocar em risco as populações de salmão selvagem.
Fazer a melhor escolha
A decisão de comer salmão de viveiro não é uma questão de "tudo ou nada". O salmão selvagem é nutricionalmente superior e tem menos contaminantes, mas é mais caro e menos acessível. O salmão de aquacultura, apesar das suas desvantagens, continua a ser uma boa fonte de proteína e vitamina B12.
O segredo está no equilíbrio e na variedade. A recomendação geral de 1 a 2 porções de peixe por semana continua a ser segura. Se quiseres reduzir a exposição a contaminantes ou simplesmente variar a dieta, podes optar por:
Peixes pequenos: Sardinhas, cavalas e anchovas são ricos em ómega-3 e, por estarem no início da cadeia alimentar, acumulam menos poluentes.
Suplementos de ómega-3: Podem ser uma opção para garantir a ingestão destes ácidos gordos sem o risco de contaminantes.
Fontes:
5 Reasons to Avoid Farm-Raised Salmon – and Why Wild Salmon Is Better
Quantitative Analysis of the Benefits and Risks of Consuming Farmed and Wild Salmon
Dietary exposure to polychlorinated biphenyls is associated with increased risk of stroke in women
Quantitative Analysis of the Benefits and Risks of Consuming Farmed and Wild Salmon
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