Horta do Pé Descalço - Agricultura familiar, biológica e local
Hoje visitei uma horta biológica no Campo, nas Caldas da Rainha. Um espaço com quase oito anos de vida.
Agricultura biológica, local, familiar, de escala humana. Esta parece ser a forma como o Hugo gosta de descrever a horta — e sinceramente, é algo que se sente no próprio espaço. Não há máquinas pesadas nem ruído de motores. A única maquinaria é a bomba que transporta água de uma reserva natural mesmo ali ao lado. O resto é feito com ferramentas tradicionais (deixo uma fotografia, embora confesse que não me lembro do nome). Serve para arejar o solo, uma espécie de forquilha que, ao fim do dia, também trabalha bem os braços.
O Hugo mostrou-me com orgulho o resultado de anos de trabalho: a regeneração e melhoria contínua do solo. Partilhou uma história curiosa — um vizinho dizia-lhe que nunca iria conseguir cultivar ali, por falta de um bom solo. Parece que o vizinho se enganou.
Nas fotografias que tirei, vão reparar em algumas redes brancas estendidas sobre as plantas. Servem para proteger as hortícolas de caracóis e lesmas, evitando que nos cheguem a casa com mais buracos do que uma fatia de queijo suíço. É uma solução simples e eficaz que substitui os químicos agressivos usados na agricultura convencional.
Um dos lemas da horta é:
“Nós cuidamos da terra, a terra cuida das plantas e as plantas cuidam de nós.”
A importância de consumir alimentos ricos, saborosos e livres de químicos é cada vez maior — mas o caminho ainda é longo. Na Praça da Fruta, nas Caldas da Rainha, ao sábado, já existem duas bancas com produtos biológicos. Entre talvez cinquenta bancas, duas ainda parece pouco. Mas se pensarmos que, há poucos anos, não havia nenhuma… então o progresso está a acontecer.
Sou cliente dos cabazes semanais, às quartas. Podemos encomendar com antecedência o que nos vai na alma e, dependendo da zona, recebemos em casa com toda a comodidade.
Falei com o Hugo sobre os preços, e foi surpreendente perceber que, na maioria dos casos, não são mais caros do que os dos supermercados ou lojas comuns. Em alguns casos, são mesmo mais económicos.
Percebo o lado prático de ir ao supermercado e comprar tudo de uma vez, sem grandes preocupações. Mas, se pensarmos a longo prazo, talvez valha mesmo a pena procurar os melhores fornecedores, com os melhores produtos — e com isso, de forma simples, melhorar a nossa saúde e, sinceramente, desfrutar mais do que comemos.
Afinal, nós somos o que comemos. E comer bem — comer saudável — torna-se subjetivo se não confiarmos na proveniência dos alimentos. Quantas vezes já me passou pela cabeça, ao comprar algo “biológico” num supermercado: será que isto é mesmo biológico, quando vem de 5.000 km de distância?
Mais do que os rótulos e as marcas, o mais importante é apoiar pessoas e projetos próximos de nós. Projetos que podemos visitar, confirmar, validar. Contribuir para quem está, de facto, a contribuir para um mundo melhor.
Porque, no final do dia, “quando a maré sobe, todos os barcos sobem com ela.”
Deixo o contacto do Hugo, bem como o Instagram da horta:
912944961