Campos Eletromagnéticos (EMF): O que a ciência diz e como te podes proteger

Wi-Fi, telemóveis, computadores, linhas de alta tensão… todos emitem campos eletromagnéticos (EMF) que, embora invisíveis, interagem com o nosso corpo. Nos últimos anos, a investigação científica tem tentado responder a uma questão central:
Será que os EMF podem prejudicar a nossa saúde?

A resposta curta: ainda não há consenso absoluto, mas o peso crescente da evidência aponta para efeitos biológicos relevantes. Para vários especialistas, aplicar medidas preventivas já faz sentido.

O que são os EMF?

Os EMF são ondas de energia invisíveis emitidas por fontes naturais (como a luz solar) e artificiais (como aparelhos elétricos e sistemas de telecomunicações). Dividem-se em:

  • Radiação não ionizante – baixa energia, usada por Wi-Fi, telemóveis, Bluetooth e eletrodomésticos. A Agência Internacional para a Investigação sobre o Cancro (IARC) classifica as radiofrequências como possivelmente cancerígenas (categoria 2B).

  • Radiação ionizante – alta energia, como raios-X ou radiação nuclear. É claramente perigosa, mas não é o foco deste artigo.

Como os EMF interagem com o corpo

Vários estudos, como Manmade Electromagnetic Fields and Oxidative Stress e Role of Mitochondria in the Oxidative Stress Induced by Electromagnetic Fields, mostram que a exposição a EMF pode:

  • Aumentar a produção de espécies reativas de oxigénio (ROS) — moléculas que danificam células, DNA e proteínas.

  • Promover stress oxidativo, associado ao envelhecimento acelerado e a doenças crónicas.

  • Interferir no funcionamento mitocondrial, afetando metabolismo e reparação celular.

Sono e qualidade de vida

  • Occupational EMF exposures associated with sleep quality (estudo transversal) – trabalhadores expostos a EMF apresentaram maior risco de má qualidade de sono.

  • Exposure to RF-EMF and sleep quality – exposição crónica a dispositivos de 2,45 GHz associou-se a alterações nos padrões cerebrais e pior perceção de descanso.

  • Alguns estudos não encontraram relação clara, mas revisões sugerem que EMF podem reduzir a produção de melatonina e alterar a arquitetura do sono.

Função cerebral e cognição

  • Uso prolongado de telemóvel (>30 min/dia junto à cabeça) está ligado a alterações nos padrões de atividade cerebral em zonas ligadas à memória, atenção e aprendizagem.

  • Estudos mostram redução de clareza mental e tempo de reação em testes cognitivos após exposição.

  • Crianças e adolescentes absorvem mais radiação devido a crânio mais fino e cérebro em desenvolvimento, aumentando a vulnerabilidade.

Possivelmente Carcinogénico

  • A OMS/IARC classifica as radiofrequências como possivelmente carcinogénicas.

  • Estudos de longo prazo, como INTERPHONE e Hardell group, observaram risco aumentado de glioma e neuroma acústico em utilizadores intensivos (>10 anos).

  • Revisões sistemáticas ainda não confirmam causalidade, mas a consistência de alguns resultados preocupa.

Fertilidade e saúde reprodutiva

Homens

  • High Cellphone Use Linked to Decline in Semen Quality – jovens que usavam telemóvel >20 vezes/dia tinham 21% menos concentração espermática.

  • Effects of RF-EMF exposure on male fertility – redução da motilidade, viabilidade e integridade do DNA dos espermatozoides.

Mulheres e crianças

  • Menos estudos, mas dados experimentais sugerem efeitos no desenvolvimento embrionário e fetal.

  • Revisões sistemáticas pedem mais investigação antes de conclusões firmes.

Como reduzir a exposição a EMF no dia a dia

Usa altifalante ou auriculares

  • Porquê: A distância reduz muito a radiação que chega à cabeça.

Mantém o telemóvel longe do corpo

  • Porquê: Ter o telemóvel no bolso aumenta a exposição, especialmente em áreas sensíveis como órgãos reprodutivos. Evita andar com o Wi-Fi ligado no bolso.

Desliga o Wi-Fi à noite ou usa cabo

  • Porquê: A exposição do Wi-Fi é baixa, mas desligá-lo à noite reduz EMF contínuos durante o sono. Usa cabo Ethernet sempre que possível.

Mantém dispositivos afastados da cama

  • Porquê: Durante o sono, a distância diminui a exposição. EMF perto da cabeça pode afetar a melatonina.

Limita o uso de dispositivos em crianças

  • Porquê: Crianças absorvem mais radiação e o cérebro está em desenvolvimento, aumentando a vulnerabilidade a longo prazo.

Considerações finais

Vivemos rodeados de EMF — não é possível eliminá-los, mas podemos reduzir a exposição, especialmente quando o custo de fazê-lo é baixo e o potencial benefício é elevado.
A ciência ainda não fecha a questão, mas o princípio da precaução sugere: mais vale adotar hábitos seguros agora do que esperar por certezas absolutas mais tarde.

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