Depressão: a Evidência Científica que coloca o Exercício ao Nível do Tratamento Médico
A depressão é uma das doenças mais comuns e incapacitantes do mundo. O tratamento costuma envolver dois caminhos principais: medicamentos e psicoterapia. Mas um estudo publicado em 2023 no British Journal of Sports Medicine veio lembrar-nos que existe uma terceira abordagem poderosa — e muitas vezes subestimada: o exercício físico.
A maior análise sobre exercício e saúde mental
Investigadores australianos reuniram dados de 97 revisões sistemáticas, englobando mais de 1 000 ensaios clínicos e 128 000 participantes, para avaliar o impacto da atividade física nos sintomas de depressão, ansiedade e stress psicológico.
Os resultados foram claros e consistentes:
O exercício reduziu significativamente os sintomas depressivos, com um efeito moderado a elevado.
Em muitos casos, mostrou-se mais eficaz do que o tratamento habitual, incluindo medicamentos ou terapia isoladamente.
Os benefícios foram observados em diferentes populações — desde pessoas com depressão diagnosticada até indivíduos saudáveis.
Intervenções com duração de até 12 semanas apresentaram resultados mais expressivos.
No geral, os resultados mostraram que o exercício tem uma eficácia comparável — e por vezes superior (especialmente em relação aos cuidados habituais) — a medicamentos e terapia isoladamente, colocando-o como uma intervenção de primeira linha no combate à depressão.
Porque tem tanto impacto?
O exercício atua diretamente nos mecanismos biológicos e neuroquímicos envolvidos na depressão:
Aumenta neurotransmissores como serotonina e dopamina, fundamentais para o equilíbrio do humor.
Estimula o BDNF, uma proteína que promove a plasticidade cerebral e a formação de novas ligações neuronais.
Reduz a inflamação crónica e melhora a regulação do stress ao equilibrar o eixo hormonal (HPA).
Estes efeitos explicam porque é que mexer o corpo vai muito além do bem-estar físico — trata-se de uma intervenção com impacto profundo e mensurável no cérebro e na saúde mental.
Uma ferramenta terapêutica que devia estar na linha da frente
Durante décadas, o exercício foi visto apenas como um complemento ao tratamento da depressão. Este estudo mostra que essa visão precisa de mudar: a atividade física deve ser encarada como parte integrante da abordagem terapêutica, com eficácia comparável — e em muitos casos superior — à medicação tradicional.
A mensagem é simples: mexer o corpo é mexer no cérebro. E isso pode ser uma das formas mais eficazes, acessíveis e seguras de combater a depressão — algo que a ciência já não deixa margem para ignorar.
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