Tupperwares e Microplásticos: o que realmente acontece quando Aquecemos Comida

Nos Estados Unidos, a marca Ziploc, da empresa SC Johnson, enfrenta uma ação judicial coletiva depois de estudos mostrarem que os seus sacos de armazenamento de alimentos libertam microplásticos. O caso tornou-se mediático porque, nas embalagens, a própria marca indicava que os sacos podiam ser usados com segurança no micro-ondas e no congelador — algo que, à luz da ciência atual, levanta sérias dúvidas.

Em Portugal, estes sacos são bastante usados, mas o comportamento de os meter no micro-ondas não é massivo. Já os Tupperwares, esses sim, são usados diariamente. Quase todos usamos recipientes de plástico para guardar comida, aquecer no micro-ondas ou levar refeições para o trabalho. O que muitas pessoas não sabem é que, com cada utilização, milhões de micro e nanoplásticos podem ser libertados para os alimentos.

Dentro dos Tupperwares: o comportamento do plástico com a comida

A ciência mostra que aquecer no micro-ondas acelera significativamente a libertação de partículas, mas mesmo a armazenagem à temperatura ambiente ou no frigorífico não é totalmente segura. Pequenas fissuras ou o simples contacto prolongado já permitem que microplásticos migrem para os alimentos.

É importante distinguir dois fatores na toxicidade associada a estes recipientes:

  • Toxicidade física: as próprias partículas de micro e nanoplástico podem atravessar barreiras biológicas, entrar na circulação e, em modelos animais, acumular-se em órgãos como fígado, rins e cérebro.

  • Toxicidade química: os plásticos podem libertar aditivos químicos usados na sua fabricação, como BPA, BPS ou PFAS, ou transportar poluentes absorvidos do ambiente. Estes químicos podem contribuir para inflamação crónica, stress oxidativo e alterações no metabolismo.

Esta distinção é importante: nem todas as consequências estão ligadas à partícula física; algumas derivam dos químicos libertados ou transportados pelo plástico.

O que podemos fazer no dia a dia

Embora seja difícil eliminar completamente a exposição, pequenas mudanças de hábito reduzem significativamente o risco:

  • Evitar aquecer comida em recipientes de plástico. Prefere vidro ou cerâmica sempre que possível.

  • Substituir Tupperwares desgastados ou riscados, pois o desgaste aumenta a libertação de partículas.

  • Reduzir o uso de plásticos descartáveis, diminuindo a exposição cumulativa.

  • Optar por alternativas seguras, como recipientes de vidro ou aço inoxidável, que são duráveis e livres de microplásticos.

Conclusão

O caso da Ziploc evidencia que a confiança nas indicações das marcas nem sempre reflete a realidade científica. O mesmo se aplica aos Tupperwares usados diariamente: o aquecer e o contacto prolongado com alimentos podem transferir milhões de partículas invisíveis para aquilo que comemos.

A ciência está a lançar luz sobre este problema silencioso, e a mensagem é clara: tomar decisões informadas sobre os recipientes que usamos é uma forma simples de proteger a nossa saúde a longo prazo.

Fontes:

Shorts:

Tweets:

Leef Blog Post:

Anterior
Anterior

Depressão: a Evidência Científica que coloca o Exercício ao Nível do Tratamento Médico

Próximo
Próximo

Depois de 10 Anos a Treinar Sozinho - Decidi ir para o Ginásio de Forma Regular