Jejum Intermitente: será que é para ti?

O jejum intermitente tem ganho destaque nos últimos anos, tanto em artigos científicos como nas conversas sobre saúde e bem-estar. Apresentado por muitos como uma solução eficaz para perder peso, melhorar a saúde metabólica e até prevenir doenças.

Mas será que o jejum intermitente é realmente eficaz? Que benefícios estão comprovados pela ciência? E será uma abordagem segura para todos nós?

O que é, afinal, o jejum intermitente?

O jejum intermitente não é uma dieta no sentido tradicional. Em vez de nos concentrarmos no que comemos, focamo-nos em quando comemos. É um padrão alimentar que alterna períodos de ingestão com períodos de jejum, algo que o nosso corpo está naturalmente preparado para fazer.

Os métodos mais comuns incluem:

  • 16:8 – Jejum de 16 horas, com refeições concentradas numa janela de 8 horas.

  • 5:2 – Alimentação normal durante 5 dias e redução calórica acentuada em 2 dias por semana.

  • Jejum intermitente – Dias alternados de jejum completo ou com ingestão mínima de calorias.

Esta prática baseia-se num conceito evolutivo: os nossos antepassados nem sempre tinham acesso constante a comida. O corpo humano adaptou-se para funcionar eficientemente em períodos de escassez energética.

Benefícios reais do jejum intermitente — o que diz a ciência?

Redução de peso e gordura corporal

Estudos como o de Tinsley & La Bounty (2015) mostram que o jejum intermitente pode levar a perdas de peso de 3% a 9% em poucas semanas, sobretudo quando não se compensa o jejum com excessos na janela alimentar. A perda de gordura corporal média foi de 3 a 5,5 kg, com preservação relativa da massa muscular em muitos casos.

Além disso, o jejum intermitente e o jejum de dia inteiro mostraram-se eficazes sem impactos negativos na maioria dos participantes.

Melhorias metabólicas e hormonais

De acordo com a revisão de Wang & Wu (2022), o jejum promove a chamada conversão metabólica, em que o corpo passa a usar gordura como principal fonte de energia, produzindo corpos cetónicos. Esta transição melhora a sensibilidade à insulina e pode ajudar a prevenir a diabetes tipo 2.

Além disso, observaram-se reduções nos níveis de insulina, glicose em jejum, triglicéridos e colesterol total — todos marcadores associados à saúde cardiovascular.

Redução da inflamação

Ambas as revisões sugerem que o jejum reduz marcadores inflamatórios, o que pode ser útil em doenças crónicas como a artrite, doença cardiovascular e até condições autoimunes.

Efeitos positivos na saúde cerebral

O estudo de Wang & Wu também destaca potenciais benefícios a nível neurológico: o jejum pode melhorar o bem-estar emocional, regular o humor e até proteger contra doenças como Alzheimer. Isto deve-se, em parte, à estabilização da glicose e à ação dos corpos cetónicos no cérebro.

Mas o jejum é para todos?

Não. Apesar dos benefícios, o jejum intermitente pode não ser adequado para todos nós. Em alguns casos, pode ser contraproducente ou mesmo perigoso.

Quem deve evitar:

  • Grávidas e mulheres a amamentar – Precisam de uma disponibilidade constante de energia e nutrientes.

  • Pessoas com historial de distúrbios alimentares – O jejum pode agravar padrões disfuncionais.

  • Diabéticos medicados – Risco de hipoglicemia. Só com acompanhamento médico.

  • Crianças e adolescentes – Em crescimento, não devem restringir períodos alimentares.

Efeitos secundários mais comuns

Nos primeiros dias de adaptação, é possível sentir:

  • Fome intensa

  • Cansaço

  • Dores de cabeça

  • Irritabilidade ou dificuldade de concentração

Estes sintomas costumam desaparecer com o tempo.

O jejum intermitente, quando bem implementado, pode ser uma estratégia eficaz para perda de gordura, melhoria metabólica e saúde geral. Os estudos reforçam que os seus efeitos vão além da estética: há impacto positivo no metabolismo, nos marcadores inflamatórios e até na saúde mental.

Contudo, não é uma solução mágica nem serve para todos. O mais importante continua a ser:

  • Comer de forma equilibrada

  • Ter um estilo de vida ativo

  • Dormir bem e gerir o stress

Cada corpo é único. O que resulta para um, pode não funcionar para outro.

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