O que não vemos: a realidade dos Microplásticos no Ar Interior

Quando se fala em microplásticos, a nossa mente tende a viajar para paisagens oceânicas, peixes contaminados e garrafas de plástico a desfazerem-se lentamente. Contudo, há uma verdade incómoda e invisível: estes fragmentos minúsculos — menores que 5 mm — estão também no ar que respiramos, e o mais surpreendente é que isso acontece sobretudo dentro da nossa própria casa.

Sim, respiras microplásticos. E muitos.

Estudos recentes mostram que os microplásticos não só estão presentes no ar ambiente, como são inalados constantemente. Um dos estudos mais preocupantes, publicado na revista PLOS One, mostra que partículas inaláveis como as PM10 — com menos de 10 micrómetros — podem conter microplásticos suspensos no ar interior de casas e espaços públicos.

Pior: estas partículas minúsculas foram já encontradas em tecidos pulmonares humanos, segundo outro estudo que analisou amostras reais de pulmões. Ou seja, o que respiramos diariamente pode estar a acumular-se silenciosamente dentro do corpo.

De onde vêm estes microplásticos?

Os principais responsáveis por esta poluição invisível no ar interior são:

  • Tecidos sintéticos (roupas, cobertores, sofás)

  • Tapetes, carpetes e cortinas

  • Poeiras domésticas

  • Aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos

  • Embalagens e objetos plásticos que se degradam com o uso e o tempo

E os efeitos na saúde?

Os microplásticos inalados já estão associados a vários riscos para a saúde, incluindo:

  • Provocar inflamação respiratória

  • Gerar stress oxidativo nas células

  • Carregar substâncias químicas tóxicas ou metais pesados

  • Penetrar profundamente nos pulmões e até na corrente sanguínea

O artigo Environmental exposure to microplastics: An overview on possible human health effects reforça que estes efeitos podem afetar o sistema imunológico, provocar disfunções hormonais, alterar a microbiota intestinal e até influenciar o metabolismo e a saúde neurológica.

A boa notícia: podes fazer algo quanto a isso

A qualidade do ar interior é um dos pilares da saúde a que poucos dão atenção — mas devia ser uma prioridade. Um estudo feito em creches mostrou que o uso de purificadores de ar reduziu em um terço os dias de doença das crianças. O motivo? Menos partículas nocivas no ar.

Purificadores com filtros HEPA (High-Efficiency Particulate Air) conseguem capturar partículas tão pequenas como 0,3 micrómetros — incluindo pólen, esporos de bolor, bactérias e microplásticos.

O que podes fazer:

  • Usa um purificador com filtro HEPA — Certifica-te de que o modelo escolhido tem esta tecnologia.

  • Ventila de forma controlada — Areja os espaços nas horas de menor poluição exterior e evita ventos fortes que levantem poeiras.

  • Reduz têxteis sintéticos — Opta por algodão, linho, lã e outros materiais naturais sempre que possível.

  • Aspira com filtro HEPA — Evita varrer ou usar espanadores secos que apenas espalham as partículas.

  • Evita fontes de partículas tóxicas — Como velas perfumadas, incensos e sprays com fragrâncias sintéticas.

Melhor qualidade de ar, menos riscos

Os microplásticos estão a invadir silenciosamente não só os oceanos, mas também os nossos pulmões. E embora não possamos controlar tudo o que está no ar, podemos dar passos concretos para proteger a nossa saúde — começando dentro de casa.

Investir num bom purificador de ar e fazer pequenas mudanças nos hábitos do dia a dia pode ser uma das melhores decisões de saúde a longo prazo.

Respirar ar limpo é tão essencial como comer bem e dormir bem.

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