O Desabafo Final: Maratona do Porto 2025

Quando, a 1 de abril, decidi que 2025 seria finalmente o ano em que iria correr uma Maratona oficial — depois de 830 dias seguidos a correr pelo menos 2 km e sete anos após ter completado uma não oficial — já sabia que este percurso ia ser recheado de emoções.

Hoje em dia parece cada vez mais comum ver pessoas a correr, a treinar, a caminhar… e isso pode dar a sensação de que correr uma Maratona se tornou “normal” ou até fácil. Mas não é.
A verdade é que apenas 0,01% a 0,05% da população mundial já correu uma Maratona. Continua a ser algo extraordinário.

Para mim, correr sempre foi mais mental do que físico — no esforço, na disciplina e nos benefícios. E mais uma vez, isso ficou claro na Maratona do Porto.

Preparação: física vs. mental

Fisicamente poderia estar mais preparado. Admito.
Mas mentalmente? Sabia que, se nada de invulgar acontecesse, eu iria terminar.
Quando a mente está forte, o corpo segue. E uma mente treinada é quase inabalável.

No dia antes da prova decidi simplesmente desfrutar do Porto. Podia ter sido mais estratégico com a alimentação, haver uma pequena corrida de ativação… mas fui no flow. Passeios pela cidade, boa energia e… uma excelente pizza ao jantar.

A noite? Péssima. Não por nervosismo — pelo menos consciente — mas acordei 6 ou 7 vezes, sonhei que tinha perdido a corrida por não acordar, e por aí fora. Suponho que seja normal.

O dia da Maratona

Acordei e o dia estava perfeito para correr: temperatura ideal, céu limpo, sem vento e com um sol leve e motivador.
Quando cheguei à partida, confesso: emocionei-me.
Talvez pelo significado daquele momento, pela energia no ar… ou simplesmente por finalmente estar ali, prestes a cumprir algo que sonhava há anos.

Defini três objetivos claros:

  1. Começar e acabar.

  2. Fazer menos de 4h.

  3. E, se tudo estivesse a fluir muito bem, tentar menos de 3h30.

Comecei com calma. Sinceramente, nos primeiros 15 km era quase impossível fazer grandes tempos: muita gente, estrada mais estreita, ritmo controlado.

Ao km 21 já sentia que ia conseguir. Mas entre o km 30 e o km 42... aí foi a verdadeira batalha.
Sabia que esse momento ia chegar — o famoso “muro” — e foi aí que o mental me carregou até à meta, sem parar.

A prova em si é incrível: grande parte junto ao mar e ao Rio Douro, com pessoas a apoiar quase do início ao fim. Não podia pedir melhor ambiente.

Cumpri o primeiro e o segundo objetivo.
Não arrisquei para tentar as 3h30 — e acredito que fiz bem.
Ter metas é importante, mas saber respeitar o corpo e o momento também é.

Resultados, Reflexões e o que vem (ou não) a seguir

Ainda não sei se vou entrar em desafios maiores.
Por um lado, fazem-me crescer muito.
Por outro… os meus pés discordam, e as marcas de corridas longas ficam bem visíveis.

Algo que foi fundamental nesta jornada foi o compromisso — comigo, mas também o compromisso público.
Acredito que muitas das corridas longas de treino, se não tivesse assumido publicamente o que iria fazer, talvez não tivessem acontecido.

A Meta

Cortar a meta na Maratona do Porto foi um dos momentos mais incríveis da minha vida.
E só não chorei compulsivamente porque, nesse exato momento, uma rapariga veio perguntar-me se eu estava bem — e o momento emocional foi interrompido.

Mesmo assim, foi um marco, uma aprendizagem e uma evolução pessoal que levo para a vida.
A Maratona deu-me mais do que uma medalha: deu-me clareza, força mental e a certeza de que o impossível é, muitas vezes, apenas aquilo que ainda não tentámos.

E essa sensação… fica para sempre.

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