O problema do Impossible Burger: quando tentamos copiar o impossível
Nos últimos anos, os hambúrgueres à base de plantas, como o Impossible Burger, ganharam enorme popularidade, sendo apresentados como a solução sustentável e saudável para os desafios da alimentação moderna. Mas será que estamos a celebrar algo realmente melhor, ou apenas a aceitar uma cópia artificial de um produto que, na sua essência, é impossível de replicar sem comprometer a saúde e o ambiente?
Ingredientes altamente processados e questões de saúde
O Impossible Burger é composto por uma série de ingredientes ultraprocessados, muitos deles sintéticos e geneticamente modificados. A estrela deste produto é a leghemoglobina de soja, uma proteína produzida por fermentação de leveduras geneticamente modificadas para simular o sabor “sangrento” da carne. Apesar da aprovação da FDA nos Estados Unidos, o Impossible Burger ainda não foi aprovado para venda na União Europeia devido a restrições regulatórias relacionadas ao uso de organismos geneticamente modificados, principalmente a leghemoglobina de soja produzida por leveduras GM. Essa proteína ainda carece de estudos independentes robustos e de longo prazo para garantir total segurança. Estudos em ratos indicam possíveis efeitos adversos, como alterações no ganho de peso e sinais iniciais de inflamação, que a empresa considera irrelevantes, mas que merecem atenção científica séria.
Além disso, o Impossible Burger contém metilcelulose, óleos refinados, aromatizantes alimentares e açúcares como a dextrose — ingredientes que, apesar de legalmente permitidos, estão associados a distúrbios metabólicos, inflamação crônica e problemas gastrointestinais quando consumidos regularmente.
O impacto ambiental — uma questão complexa
Enquanto o marketing do Impossible Burger destaca a sua suposta sustentabilidade, novos dados mostram uma realidade mais complexa. O Savory Institute, que defende práticas regenerativas de pecuária, aponta que o gado regulados de forma regenerativa pode, na verdade, sequestrar carbono do ambiente, funcionando como um reservatório líquido de carbono — algo que os hambúrgueres plant-based ultraprocessados ainda não conseguem fazer.
Isso não significa que o Impossible Burger seja ambientalmente neutro; ele reduz algumas emissões comparado à carne industrial tradicional, mas não chega a compensar o impacto da produção dos seus ingredientes altamente processados e da fermentação de leveduras geneticamente modificadas.
O problema da “cópia artificial” de algo impossível de replicar
Quando tentamos copiar algo natural como a carne — um alimento inteiro, complexo, com nutrientes biodisponíveis e textura única — acabamos por criar produtos ultraprocessados, carregados de aditivos, ingredientes sintéticos e modificações genéticas, que trazem riscos para a saúde e dúvidas sobre seus benefícios reais.
No fundo, o Impossible Burger representa uma solução de conveniência e marketing, não uma revolução saudável ou ambiental. A verdadeira transformação na alimentação passa por resgatar sistemas agrícolas regenerativos, alimentos minimamente processados e um consumo consciente, não por procurar cópias artificiais do que já existe na natureza.
Fontes:
Rat Feeding Study Suggests the Impossible Burger May Not Be Safe to Eat
Savory Institute responds to Impossible Burger’s attack on regenerative agriculture
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